Resenha: A Linguagem das Flores de Vanessa Diffenbaugh

Título: A Linguagem das Flores
Autora: Vanessa Diffenbaugh
Editora: Arqueiro
Ano: 2015
Gênero: Romance
ISBN: 978-85-8041-371-7
Páginas: 304
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Classificação: 2 de 5
Sinopse: Um romance de estreia impressionante, comovente e brilhantemente escrito, A linguagem das flores mistura passado e presente, criando um retrato vívido de uma mulher inesquecível cujo talento com as flores a ajuda a mudar as vidas das pessoas, enquanto luta para superar suas próprias lembranças turbulentas. Na era vitoriana, as flores eram usadas para expressar emoções: madressilva para devoção, azaleias para paixão, rosas vermelhas para amor. Ainda criança, Victoria Jones aprendeu tudo sobre essa linguagem, mas sempre a usou para comunicar sentimentos como dor, desconfiança e solidão. Depois de passar a infância em abrigos para menores abandonados, Victoria não consegue se aproximar de ninguém e sua única conexão com o mundo é por meio das flores e de seus significados. Agora com 18 anos, Victoria se vê sozinha e sem ter para onde ir. Ela dorme numa praça pública, onde cultiva um pequeno jardim particular. Quando uma florista local lhe oferece um emprego, Victoria descobre que tem o dom de ajudar as pessoas por meio das flores que escolhe para elas. Mas só depois de conhecer um misterioso vendedor do mercado de flores ela entende o que falta em sua vida. E, ao perceber que está se apaixonando por ele, Victoria é obrigada a confrontar um doloroso segredo do passado e decidir se arrisca ou não dar uma segunda chance à felicidade. A linguagem das flores é um romance emocionante sobre o significado das flores, da família e do amor.

Hey leitores! Depois de uma leitura assombrosa com A Senhora dos Mortos, fui com toda "sede ao pote" (como dizem por aí) para A Linguagem das Flores, mas que... (pode chamar palavrão produção?!). Bom, fato inegável é que, foi o oposto do que eu esperava. E quem lembra da máxima, "nunca julgue um livro pela capa?!" Ou sinopse, ou resenhas por aí... Então, vale muito aqui nessa história. Não julguem nem por esta que vos fala. ;)

"O musgo é o símbolo do amor materno, porque, com esse amor, ele alegra nosso coração quando o inverno da adversidade nos atinge e nossos amigos de verão nos abandonam." - Henrietta Dumont, The Floral Offering

Em A linguagem das flores, a protagonista órfã Victoria Jones nos narra em primeira pessoa a sua história de vida. No dia do seu aniversário de dezoito anos, agora emancipada, ela precisa começar a sua vida adulta. Nós fazemos muitas viagens ao seu passado, no início é difícil distinguir passado e presente, pois pra mim, Victoria continuou sendo uma criança no corpo de uma jovem, e como é ela quem narra, ficava difícil saber se era a Victoria de 9 ou a de 18 anos que estava falando, fato que me incomodou muito, pois apesar de ela não ter amadurecido emocionalmente, a linguagem de uma criança é diferente de uma jovem, mas a autora não fez essa distinção. O livro teria ganhado muitos pontos se fosse narrado em terceira pessoa, faria bem mais sentido. Mas conforme vamos nos aprofundando na história, fica mais fácil discernir essa "passagem de tempo".

Victoria passou por muitos lares adotivos, e sempre teve problemas sérios de aceitação (de si mesma e com os outros). Como órfã que foi abandonada, ela nunca superou a rejeição, e sempre se sentiu inferior, indesejada... Fato que contribuía constantemente para dificultar seu relacionamento com todas as pessoas num geral.


No início, eu achei que se tratava de todos os tipos de violações, moral, física... Algo desumano fora do comum, e ela sofreu abusos sim, muito, mas depois de ler toda a história, percebi que o maior inimigo de Victoria era ela mesmo.

Não consegui me conectar de nenhuma forma nem com Victoria menina, nem "mulher". Ela tinha tanto rancor, mágoa, que me retraia, arrepiava, minha cabeça doía a cada pensamento dela. Eu poderia narrar os principais acontecimentos, como ela chegou no abrigo, como foi a passagem dela por todos os lares adotivos, como ela foi parar na rua, como ela saiu, como ela chegou perto de sua redenção, como tudo escorregou pelos dedos como areia da praia em um dia ensolarado... Mas esse é o tipo de história que você precisa ler e tirar suas próprias impressões.

"Então é isso - começou Meredith. - Sua vida começa agora. Daqui pra frente, não pode culpar mais ninguém além de si mesma.
Meredith Combs, a assistente social responsável por selecionar as inúmeras famílias adotivas que me desenvolveram, queria me falar sobre culpa." (Pág.14)

Apesar de ser um livro curto, a leitura é densa e difícil. Sensível (chegando próximo ao melindre), e ao mesmo tempo dolorido... As viagens no tempo são feitas sem aviso prévio, pois o livro não é "bem" composto por capítulos (o que confunde um pouco) e sim por partes, (Parte um - Cardo, Parte dois - Um coração inexperiente, Parte três - Musgo e Parte quatro - Recomeços), mas cada "parte" é dividida por pequenos números (que eu acredito serem os capítulos), então aí, mergulhamos e voltamos a superfície na história de Victoria. A cada mergulho, muitas surpresas, explicações, e muito mais dúvidas.


A história tem muitos personagens interessantes, Elizabeth (uma das mães adotivas de Victoria, e também quem ensinou tudo o que ela sabia sobre as flores) é o segundo ser humano a ser estudado depois de Victoria. Eu queria muito mais de Elizabeth, mas só temos flashbacks dela, através do ponto de vista de Victoria criança, difícil, rs...

Grant. Fazia tempo que eu não achava um personagem masculino tão sem graça, tão morno, tão sem conexão com a protagonista feminina. Se vocês tiverem a oportunidade de ler, vão saber exatamente o motivo de eu ter chegado a essa conclusão. Paixão pra mim é outra coisa, e você não saber ou sentir o que o outro está passando, sentindo, é o primeiro sinal da falta dela. Tudo bem, teve momentos em que eu pensei: "Sim! Tem esperança!" Mas não durava muito...

"Fechei os olhos e nossos lábios se tocaram. Apesar de seu lábio superior me arranhar um pouco, sua boca era carnuda e macia. Ele prendeu a respiração e eu o beijei novamente, dessa vez com mais intensidade, faminta. De joelhos, arrastei-me ladeira acima, derrubando os vasos em meu desejo de estar mais perto de Grant, de beijá-lo com mais força, por mais tempo, de mostrar quanto tinha sentido sua falta." (Pág.151)

Mesmo depois de concluir a leitura, Victoria ainda continuou sendo uma incógnita pra mim. Ela teve momentos de genuína paixão e outros robóticos de um zumbi desalmado do último livro que li. A palavra complexa foi "criada para defini-la". Eu posso dizer que entendo de dor, de perda, de rejeição... Mas ainda vou me chocar como cada pessoa recebe a dor, como a sente e o que faz com ela.

Me desculpem quem se encantou com a leitura (li críticas super positivas e emocionadas) mas foi uma experiência diferente pra mim, talvez minhas experiências pessoais (com a dor, a rejeição, como filha, como mãe...) tenham influenciado (com certeza influenciou) na minha leitura. Eu compreendo a dor e os tormentos que foram impostos a ela, de verdade, mas o que ela fez com isso é que (na minha opinião) foi exagerado de maneira insana. Quem não entende a dor ou a rejeição, vai ser muito difícil ler esse livro e se frustrar por não conseguir simpatizar com a protagonista. Ou pode ser o oposto. Quem sabe?!

"Eu me lembrava bem daquela manhã. De como tive medo de que ela descobrisse a verdade sobre minha condição de sem-teto, a verdade sobre minha história.
- Então por que você me contratou? - perguntei.
Renata passou a mão pelo meu rosto. Quando chegou ao queixo, inclinou a minha cabeça pra cima, fazendo com que eu a olhasse nos olhos.
- Você acha mesmo que é o único ser humano que tem defeitos imperdoáveis? Que foi magoado quase a ponto de entrar em colapso?
Ela me encarou intensamente. Quando desviou o olhar, soube que compreendia que sim, que eu acreditava ser a única." (Pág.255)

Eu vi a capa anterior (a primeira vez que a Arqueiro lançou esse livro, em 2011- já esgotado!), era o corpo de uma moça de vestido verde segurando uma flor. Eu, particularmente, achei essa edição com a nova capa beeem melhor. Em um fundo rosa com desenhos de ramos de flores, tem em destaque, o rosto de uma mulher de olhos azuis e cabelos escuros, com olhar penetrante, indecifrável... segurando um cartão com a foto de uma flor (uma rosa), cobrindo o queixo e o lábio inferior. Eu imediatamente a associei a Victoria. A nova capa, a mulher, o cartão, tem tudo a ver com a história. Perfeito! A equipe gráfica também está de parabéns, páginas amarelas, fonte adequada, os "capítulos" ficaram um pouco confusos, com números pequenos para distingui-los (mas eu acredito que isso nada tenha a ver com a edição, e sim, com a autora que "dividiu" o livro desta forma), é um pouco fora do comum, mas é fácil se acostumar conforme vamos nos aprofundando na leitura, também tem tipo uma moldura de flores em destaque na letra inicial de cada "capítulo", ficou lindo.

Quero falar das flores! Elas foram a coisa mais linda nesse livro. Era por meio delas que Victoria se comunicava (quando SE comunicava), com as pessoas. O mais incrível é que ela tinha um dom, ela conseguia "ajudar" as pessoas através da linguagem das flores (que ela aprendeu na convivência com Elizabeth, mas que também aprimorou com o passar do tempo). Foi muito legal o trabalho minucioso de pesquisa da autora, ela explica no final do livro todo o processo, e assim, como surgiu "O dicionário das flores de Victoria", que também está completo no fim do livro. Eu sou uma apaixonada por flores, e amei saber muito mais sobre elas e seus significados. Só por isso, valeu a pena a leitura. Uma coisa é certa, depois dessa leitura, nunca mais você irá olhar as flores da mesma maneira...


Melhor quote...
"Enquanto ela mamava, comi um sanduíche. Uma fatia fina de peru caiu em cima de sua têmpora, subindo e descendo ao ritmo de suas mamadas frenéticas. Eu inclinei a cabeça, comendo o peru diretamente do seu rosto beijando-a ao mesmo tempo. Ela abriu os olhos e me encarou. Onde esperava raiva ou medo, vi apenas alívio.
Jamais a deixaria novamente." (Pág.219)
 

14 comentários:

  1. Bom, não me interessei nem um pouco por esse livro, fiquei tensa só lendo a resenha, parece ter muito sentimentos envolvidos e a maioria rancor e mágoa, estou em uma fase da minha vida que acho que esse tipo de leitura não seria legal, mas sua resenha está boa.

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    1. Obrigada, Mariele!

      Se puder, leia, quem sabe não é uma experiência diferente pra vc?!

      Beijos,
      L

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  2. Oieee,
    Eu já tinha ouvido falar do livro, e nunca tinha me interessado por ele, e continuo a não me interessar, parece faltar algo para que chame a minha atenção, parece ser um livro legal, mas não pretendo ler, pelo menos por enquanto, quem sabe mais na frente.
    Beijos *-*

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  3. Eu não curto muito este estilo de leitura, e apesar de ser um livro elogiadíssimo, não tenho interesse nessa leitura. Já tenho muitos livros maravilhosos e que estou realmente interessada, para perder tempo com uma leitura que não despertou tanto o meu interesse...

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  4. Lili!
    É como sempre digo, o livro atinge as pessoas de forma diferente, de acordo com suas experiências pessoais, de acordo com tudo o que viveu durante a vida.
    Sinto que o livro não a tenha agradado, porque também li várias resenhas positivas.
    Como não li ainda, não posso opinar, entretanto gostei muito de sua sinceridade na resenha.
    “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.”(Mahatma Gandhi)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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    1. Obrigada, Rudy!

      É exatamente isso. :)
      Se puder, leia!

      Beijos,
      L

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  5. Olá Lili, tudo bem??Ao conferir a sinopse do livro fiquei bastante interessada, pois nunca li nada parecido com este livro, mas ao desenrolar da tua resenha, percebi que o livro tem alguns pontos fortes e outros que poderá nos desagradar. Creio que seja uma leitura diferente, confesso que irei ler outras resenhas para confirmar meu interesse em relação ao livro, mas a capa dele é muito linda!

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    1. Oie Mih!

      A capa é linda mesmo. Leia sim, depois me conta..,

      Beijos,
      L

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  6. Tenho vontade de ler esse livro! De verdade,porém, essa personalidade controvérsia da Victoria me deixa enjoada só de pensar kkkkk
    não gosto de personagens muito enrolado, então, acabo evitando a leitura.
    Mas quero tentar ler, pelo menos.
    bjs

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    1. Ana, se puder leia, quem sabe não é uma experiência diferente pra vc?! Depois me conta.

      Beijos,
      L

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  7. Eu já tinha visto esse livro em algum lugar.. e até o momento não tive muito interesse por ele, mas uma coisa que você diz em sua resenha e que eu também partilho da mesma opinião é a questão do sentir, esses livros um pouco mais carregados de emoção faz coisas diferentes pra cada tipo de leitor... já aconteceu comigo também de achar os problemas/dramas dos personagens um tanto quanto vazios.. ou com pouco fundamento.. e outros acharem q realmente era aquilo tudo..

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    1. Obrigada, Amanda!
      Tão bom quando a mensagem chega direitinho... Se puder, leia, depois me conta.

      Beijos,
      L

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