Resenha: Primavera de Cão de Patrick Modiano

Título: Primavera de Cão 

Autor: Patrick Modiano 

Gênero: Romance

Editora: Record

Páginas: 112

Ano: 2014
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Sinopse: O mais misterioso livro de Patrick Modiano Aos dezenove anos, numa manhã da primavera de 1964, o narrador encontra o fotógrafo Francis Jansen. Ele trabalha em Paris para uma revista norte-americana, foi amigo de Robert Capa, encontrava-se com uma mulher chamada Colette Laurent que agora o procura incessantemente, guarda todas as suas fotos em três maletas, e desaparece sem deixar vestígios. Homem evasivo e misterioso, Jansen faz parte da galeria de tipos que, como só Patrick Modiano é capaz de descrever, prefere o silêncio e as reticências às palavras. O narrador retorna a bairros afastados, tenta reencontrar pessoas perdidas, e busca romper a camada de silêncio e de amnésia ao seu redor. As silhuetas lhe escapam; depois de trinta anos, os rostos já não estão nítidos. Ele deseja recuperar o passado, para que se torne algo além de fragmentos distantes e ausentes. Tudo lhe causa uma sensação de irrealidade. E é na busca do passado, de Francis Jansen e de tantos outros, que sua identidade é rememorada.

Olá pessoal, como vocês estão? Confesso que até ano passado, Patrick Modiano era um ilustre desconhecido para mim. Ele, nascido nos subúrbios de Paris, filho de um comerciante judeu com uma atriz belga. Em 2014, o Modiano apareceu no meu radar literário, logo após ser laureado com o Nobel de Literatura. A Academia Sueca atribuiu-lhe o prêmio "pela arte da memória com a qual ele evocou os destinos humanos mais inatingíveis e descobriu a vida do mundo da ocupação alemã". Para quem ficou curioso sobre essa época da ocupação nazista da França, sugiro procurar alguns textos sobre a França de Vichy. Feitas as apresentações, partamos para o livro. 

Primavera de cão é uma obra sobre memória e faz parte da trilogia essencial do Modiano. Flores da Ruina e Remissão de Pena completam a tríade. Os livros possuem histórias independentes e podem ser lidos separadamente. 

A mola propulsora da trama é o encontro ao acaso do narrador com o misterioso fotógrafo Francis Jansen. Depois desse fato, o narrador começa a frequentar o ateliê de Jansen e por vontade própria acaba catalogando as fotos tiradas pelo fotógrafo que estavam caoticamente guardadas em malas. No entanto, após um breve tempo de convivência, Jansen desaparece encerrando de forma abrupta a relação entre os dois. Depois de anos, o narrador decide rememorar o tempo vivido com Francis, visitando lugares e pessoas que fazem parte dos momentos vividos entre os dois.

Como esse foi o meu primeiro contato com a escrita do Modiano, eu não sabia o que esperar. Então, li com expectativa, mas com a mente aberta. Eu me impressionei bastante com o tom noir e reflexivo de Primavera de Cão. O vinculo criado entre o narrador, um escritor iniciante, e o Francis Jansen, fotógrafo depressivo, através de algo sútil que une a vida dos dois, o registro da vida, seja por meio de fotografias ou livros. Os dois escolheram profissões colhedoras de migalhas da realidade, elas guardam vestígios da existência numa luta contra o esquecimento temporal. 

Além disso, o fato de o protagonista do livro perambular a esmo por uma Paris nostálgica e ao mesmo tempo real, pensando sobre os momentos vividos naquela rua “x” ou naquele café “y”. Lembranças e memórias são ferramentas poderosas, pois podem acarretar sentimentos nostálgicos, arrependimentos, terror, medo, assim tornando a obra mais profunda e complexa, apesar de ser um romance curtíssimo. Resumindo, Primavera de Cão não é uma história sobre o futuro, ou o presente, mas inexoravelmente acerca do passado. 

P.S.: Livro recebido de parceria com a Editora Record.

P.S.1: Muitas reflexões para uma história tão curta. 

No, mais até a próxima resenha.